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domingo, setembro 19, 2004

Caligrafia do silêncio

Finalmente percebi: a volta dos teus passos nunca será paralela à minha voz. E eu, eu quero acordar perante ti e dizer-te, por entre silêncios bem medidos e contusões, que sou o verbo que nunca guardaste nas pontas dos dedos. Que não sou nada mais do que a sombra, a marca, a impressão de uma palavra que nunca traduziste. E tu, ainda conheces a cor do gesto?

Um dia, talvez amanhã, talvez agora mesmo, hei-de compreender porque ainda respiro o teu olhar tão, tão devagar, como se a definição de luz viesse antes da partida, a seguir a ti… Bem por detrás de mim. Na escrita que ainda se ouve.


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