[shineooo2@hotmail.com]

terça-feira, novembro 22, 2005

Goodbye My Lover

Did I disappoint you or let you down?
Should I be feeling guilty or let the judges frown?
'Cause I saw the end before we'd begun,
Yes I saw you were blinded and I knew I had won.
So I took what's mine by eternal right.
Took your soul out into the night.
It may be over but it won't stop there,
I am here for you if you'd only care.
You touched my heart you touched my soul.
You changed my life and all my goals.
And love is blind and that I knew when,
My heart was blinded by you.
I've kissed your lips and held your head.
Shared your dreams and shared your bed.
I know you well, I know your smell.
I've been addicted to you.

Goodbye my lover.
Goodbye my friend.
You have been the one.
You have been the one for me.

I am a dreamer but when I wake,
You can't break my spirit - it's my dreams you take.
And as you move on, remember me,
Remember us and all we used to be
I've seen you cry, I've seen you smile.
I've watched you sleeping for a while.
I'd be the father of your child.
I'd spend a lifetime with you.
I know your fears and you know mine.
We've had our doubts but now we're fine,
And I love you, I swear that's true.
I cannot live without you.

Goodbye my lover.
Goodbye my friend.
You have been the one.
You have been the one for me.

And I still hold your hand in mine.
In mine when I'm asleep.
And I will bare my soul in time,
When I'm kneeling at your feet.
Goodbye my lover.
Goodbye my friend.
You have been the one.
You have been the one for me.
I'm so hollow, baby, I'm so hollow.
I'm so, I'm so, I'm so hollow.


James Blunt – Back to Bedlam

segunda-feira, novembro 21, 2005

Tudo é possível quando

Hoje não é o melhor dia para te escrever... há verdades e esperanças que morreram hoje para mim e luto, a pés e sonhos juntos, para que eu não vá com eles. Dramático? - tal como já me classificaram... Talvez! Mas não se há-de ser dramático quando aquilo que tínhamos por certo não desabrochou em mãos que desenhei cheias e completas? Não se há-de ser dramático quando são os corpos estranhos que te aparam a queda? Não se há-de ser dramático quando se descobre que ainda não se aprendeu a sofrer sem sentido no sentido dos meus sentidos?... Não se há-de ser dramático quando a solidão não vem acompanhada? Sim, sou dramático se isso significar viver em todas as línguas e dialectos dos sonhos, sonhos… Tenho orgulho em dizer que acredito, que acredito. Acredito. Acredito, porque tudo é possível. Acredito. Tudo é possível quando as mãos não são apenas mãos. Tudo é possível quando eu olho para as mãos da minha Avó. Tudo é possível quando.. [silêncio]

sexta-feira, outubro 21, 2005

Do what you have to do

Ela canta: I have the sense to recognise that I don't know how to let you go.
Eu podia tornar tudo isto e tudo mais muito fácil: traduzia e desfiava em rios de palavras os contornos de uma história minha, no sentido menos literal do termo, mas não, não o posso fazer. Para o fazer toda a história minha que me precede teria já de ser memória e, por isso, relembrada, puxada do fundo dos sentidos para a tona, limpa do pó destes dias que ainda não têm sentido e iluminada, agora, com o conhecimento e a razão que, entretanto, as minhas mãos ganharam. No entanto, esta memória não está construída, uma vez que ainda não me esqueci, ainda não me esqueci como a manhã acontece a teu lado.
Por isso, do what you have to do.

domingo, julho 31, 2005

depois

Há textos que se escrevem sozinhos… Há tantos outros que se escrevem só…. Há textos que se escrevem sem ti. Há amores que imagino sozinho. A verdade é que não sei quem sou, como sou, onde sou, para quem sou, se me sou. Hoje apenas sei que às vezes não somos quem querem que sejamos… Não existe futuro depois da verdade.

domingo, julho 03, 2005

a resposta

Não sei porque adormeceste com essa pergunta nos lábios?… se ainda agora te toquei com a força dos dias.

sábado, julho 02, 2005

este silêncio

Pensei que te conhecia, mas a dor mudou-te tanto. Tanto que por esta altura já me deves ter esquecido. Esquecido, por entre gestos e pessoas que nunca conheci, talvez que nunca conhecerei. É melhor assim, pois posso fingir que não existem. Deves, contudo, saber que ainda penso em ti. Agora e cada vez mais. No outro dia não consegui parar de chorar… talvez um pouco como agora. Receio que tiveste alguma coisa a ver com aquelas lágrimas que me assustaram tanto… Tanto pouco me importa que estejas com outra pessoa, que vais fazer e ter com ela as coisas que não fizeste ou tiveste comigo… O que verdadeiramente me importa é este silêncio, este silêncio que fere, que mata, que me mata. O silêncio que me impede de te dizer que consegui nota de excepção e que, agora, sou um professor a sério… O silêncio que aumenta as tangentes e ângulos do segredo que tenho de carregar sozinho, sem ti, sem nós, sem mim. O segredo que nos destruiu e me destrói. Não sei como te dizer isto senão assim: o teu silêncio matou-me e continua a fazê-lo…

Qual é a cor do teu sorriso pela manhã?...

quarta-feira, junho 29, 2005

salada com sumo de laranja...


E quem diria que a felicidade também se faz de lulas estufadas e vinho Mateus (rosé)...

terça-feira, junho 14, 2005

goodbye

We have already spent the words along the road, my love,
and that which remains is not sufficient
to prevent the cold of four walls.
We have spent everything but the silence.
We have spent the eyes with the salt of tears,
we have spent the hands holding on tight,
we have spent the watch and the corner stones
in pointless waiting.

I put my hands in my pockets and I find nothing.
Once we had so much to give to each other;
It was as if everything was mine:
The more I gave you, the more I had to give you.

Sometimes you would say: your eyes are green fish.
And I would believe it.
I would believe it,
because next to you
everything was possible.

But that was in the time of secrets,
it was in the time when your body was an aquarium,
it was in the time when my eyes
were truly green fish.
Today they are only my eyes.
It is not much, but it is the truth,
eyes like any other.

We have already spent the words.
When now I say: my love,
there is absolutely nothing stirring.
And yet, before the words were spent,
I am certain
that all things would stir
just with the whispering of your name
in the silence of my heart.

We have nothing more to give.
Inside you
there is nothing asking for water from me.
The past is worthless like a rag.
And I have told you: the words are spent.
Goodbye.



E. A.



Dedico-Te esta english version do meu poema preferido de Eugénio, escrita enquanto apenas existia a promessa da tua existência.
Não quero aprender a dizer-Te adeus.

adeus: Eugénio.

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.


Eugénio de Andrade (1923 - 2005)



isto porque ainda não aprendi a dizer-te adeus...

segunda-feira, maio 30, 2005

Siempre

Se ainda não te disse hoje que te amo, aqui está. Sempre, agora: amo-Te.
Será possível multiplicar-te mais em mim? Más adentro?...

segunda-feira, maio 23, 2005

por Ti

Por ti, era capaz de inventar as asas que guardo escondidas no meu armário... Por ti, era capaz de desdizer esta vida que não se faz de ti. Por ti, era capaz de esquecer o meu nome e todas as suas correlações. Por ti, era capaz de dizer "amo-te" em todos os dialectos das tuas mãos... Por ti, era mesmo capaz de te amar, completamente, tal como te amo já.

por ti, para ti, de ti, em ti.

sexta-feira, maio 20, 2005

Delicate

We might kiss when we are alone
When nobody's watching
We might take it home
We might make out when nobody's there
It's not that we're scared
It's just that it's delicate

So why do you fill my sorrow
With the words you've borrowed
From the only place you've know
And why do you sing Hallelujah
If it means nothing to you
Why do you sing with me at all?

We might live like never before
When there's nothing to give
Well how can we ask for more
We might make love in some sacred place
The look on your face is delicate

So why do you fill my sorrow
With the words you've borrowed
From the only place you've know
And why do you sing Hallelujah
If it means nothing to you
Why do you sing with me at all?

So why do you fill my sorrow
With the words you've borrowed
From the only place you've know
And why do you sing Hallelujah
If it means nothing to you
Why do you sing with me at all?


damien rice - 'O'


Para ti. Porque sim. Assim.
You are truly delicate..

terça-feira, maio 10, 2005

pronúncia do suL

O mar é a casa onde me deixas morar
Onde as metades se refluem para nós, em nós.
És tu, mais eu, na matemática das nossas mãos. No quadrado do teu olhar.
Vivemos afastados. Revisitados sempre. Fixos, na ponta dos gestos que inventamos devagar.
Mais, de tempos a tempos, somos com mais força, mais velocidade, na certeza de que nos vamos ver, absorver.
Eu volto, tu voltas, voltamos para trás, onde ficaram os beijos e as cores do teu corpo.
Para que eu possa pintar o nosso corpo, a nossa cama, os teus gestos na minha face, no meu sorriso, enquanto dormes...
E somos um, um do lado do outro, mais respirar, menos sussurro. De olhares paralelos e braços emparelhados (onde aprendeste a tocar-Me assim... dizemos os dois!)
E somos Um:
para lembrarmos à memória que a memória de dois
só pode ser apagada no amor de Um
A memória és tU. Deixa-me ser também.
Silêncio. Eis o mar...



Do texto ‘o mar’ nasceu este. Obrigado J. pelo texto, pelas cores (da tarde…) pelo(s) gesto(s), pela vontade de querer ser mais do aquilo que sou e pelas coisas que ainda não inventei sobre Ti.

o mar

[...]

O mar é um anjo diluído.
Metade de mim…
És tu.
Vivemos afastados quase sempre,
Mas de tempos a tempos,
Eu volto para te resgatar.
Para nos refazermos num só,
Ou para me lembrar que fomos,
Que podemos ser um só.

[...]


JAh.


(obrigAdo pelo texto.)

quinta-feira, maio 05, 2005

pronúncia do NortE

Sei que quero escrever um texto sobre ti. Um texto que diga o dia, as cores, a luz e as mãos que partilhamos, debaixo das sombras improvisadas. (Partilhamos, multiplicamos.) Um texto que assinale a vontade de te voltar a ver, a rever, a ler. Um texto que diga eu e tu no plural… Um texto que diga saudade com pronúncia do Norte.

quinta-feira, abril 28, 2005

J. (outra palavra para Avô)

Que resta depois de todas as cores terem sido lançadas ao mar e depois de nos terem obrigado a provar as palavras que nunca soubemos inventar?...

segunda-feira, abril 18, 2005

Made in the stars

Começo a perder a noção de que uma vez te conheci… Ainda que de vez em quando me visites, a ideia de que foste norte e sul de uma existência que achava desenhada, começa a ser mais uma nota desta música que ouço quase todos os dias, mas que não consola. Abre, isso sim, num gesto absurdo e cego, as paredes da casa que habito agora.

Sempre quis, desde que comecei a desconhecer-te, guardar a melhor imagem de ti. Talvez aquela fotografia que tiramos debaixo de toda aquela luz que nunca me dissesses de onde vinha. Um dia terei coragem de te perguntar a sua origem. Um dia terei coragem de escrever tudo sobre ti, talvez uma outra versão daquele outro texto que escrevi enquanto não sabia o peso das tuas lágrimas. Talvez nesse mesmo dia escreva um texto definitivo sobre a S. e sobre tudo o que agora (não) existe em mim, desde que me apagou do mundo, do seu mundo. Será que ela sabe o quanto sinto a sua falta. Será que tu sabes o que se passou entre mim e ela. Será que ela sabe que ainda penso em ti e na imagem que guardo de ti, imagem de luz, trazida de onde não perguntei ir, aonde não conquistei ir, aonde não me deixaram ir… Será que tu sabes que ela desistiu dos sentimentos, das cores do mundo. Será que tu sabes o mesmo e o mesmo de ti? Que som faz o coração quanto estala?

sexta-feira, abril 08, 2005

Clapham N

Não sei exactamente onde estás, mas sei onde moras… ou pelo menos para onde me levaste com a promessa de uma noite cheia de beijos e abraços, sem sexo. Sei porque tomei o metro e descobri a rua principal de C., aquele bar, a tua rua. Descobri também que me esqueceste, que não sou mais a tua conquista exótica… É assim tão fácil esquecer alguém com quem partilhamos a luz diurna e nocturna?

terça-feira, março 08, 2005

denúncia

eu sei que rompi o silêncio que nos guarda, que nos prende longe um do outro… que nos ensina a aprender aquilo que nunca saberemos pronunciar ou denunciar, mas alguém tinha de estancar o sangue que começa na alma e acaba no coração.

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

A Case Of You

Esta "música" já deveria cá estar, talvez desde o início, mas mais vale tarde que nunca...


A Case Of You

Just before our love got lost you said
"I am as constant as a northern star"
And I said, "Constant in the darkness
Where's that at?
If you want me I'll be in the bar"

On the back of a cartoon coaster
In the blue TV screen light
I drew a map of Canada
Oh Canada
And I sketched your face on it twice

Oh you are in my blood like holy wine
Oh and you taste so bitter but you taste so sweet
Oh I could drink a case of you
I could drink a case of you darling
Still I'd be on my feet
I'd still be on my feet

Oh I am a lonely painter
I live in a box of paints
I'm frightened by the devil
And I'm drawn to those ones that ain't afraid
I remember that time that you told me, you said
"Love is touching souls"
Surely you touched mine"
Cause part of you pours out of me
In these lines from time to time

Oh you are in my blood like holy wine
And you taste so bitter but you taste so sweet
Oh I could drink a case of you
I could drink a case of you darling
Still I'd be on my feet
I'd still be on my feet

I met a woman
She had a mouth like yours
She knew your life
She knew your devils and your deeds
And she said
Color "Go to him, stay with him if you can
Oh but be prepared to bleed"
Oh but you are in my blood you're my holy wine
Oh and you taste so bitter but you taste so sweet
Oh I could drink a case of you darling
Still I'd be on my feet
Still I'd be on my feet
I'd still be on my feet


By Joni Mitchell.
Performed beautifully by Diana Krall.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

'The Nearness Of You'

A Norah Jones que me perdoe, mas estar agora perto de ti seria destruir aquilo que aprendi a fazer: esquecer que também partilhas este mundo que nos viu beijar num naufrágio de olhar paralelo, mas que nunca compreendeu por que adormecemos de nós e um do outro.

Quero acordar. Quero que me digas já e num momento de que são feitas as tuas mãos. Enquanto respiro. Enquanto aguento saber que existes.

Nunca pensei que este texto se viesse a adequar a ti, que sempre estiveste a meu lado…

terça-feira, fevereiro 15, 2005

a resposta

"Answer"I will be the answerAt the end of the lineI will be there for youWhile you take the timeIn the burning of uncertaintyI will be your solid groundI will hold the balanceIf you can't look downIf it takes my whole lifeI won't break, I won't bendIt will all be worth itWorth it in the endCause I can only tell you what I knowThat I need you in my lifeWhen the stars have all gone outYou'll still be burning so brightCast me gentlyInto morningFor the night has been unkindTake me to aPlace so holyThat I can wash this from my mindThe memory of choosing not to fightIf it takes my whole lifeI won't break, I won't bendIt will all be worth itWorth it in the end'Cause I can only tell you what I knowThat I need you in my lifeWhen the stars have all burned outYou'll still be burning so brightCast me gentlyInto morningFor the night has been unkind


SarahmcLachlan

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

rente

estou. Resisto. Insistem. Persisto. insistem. insistem. Protesto. Repetem. Desisto. Vencem. ainda. Repito.

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Pipa

Nunca hei-de desistir de ti, Pipa… Entre a minha imaginação, o teu desejo horizontal e nossa forma mágica (nossa, muito nossa) de nos amarmos, eu nunca desistirei do teu sorriso doce e das minhas mãos sobre o teu rosto. Saberei sempre de cor o peso dos teus pés sobre os meus, enquanto tentas adormecer. Um dia, um dia, talvez depois de amanhã, hei-de compreender o outro lado do nosso amor, o lado que habitas agora. Sem mim. Por agora, vou-te guardar debaixo do meu nome… de onde nunca saíste. Obrigado por teres inventado o amor em mim.

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

"Stay with me tonight, Alexander!"

Já li o livro… Talvez o mesmo que leste. O livro de que me falaste e que eu critiquei. Se eu ao menos tivesse entendido a tua maneira de ser. Criança perdida que ainda não quer crescer. Que não sabe crescer. E eu que só queria que crescêssemos juntos.

Sei que aprendeste comigo. Aprendeste, dizes tu, a não crescer, a não estender as mãos abertas e plenas de sonhos capazes de se tornarem manhã. Aprendeste, dizes tu, a evitar palavras como as que disseste, como as que eu ouvi, como as que partilhamos. Também quererás que aprendas a evitar as que te disse? Queres? Será que é por isso que foges, que não vens ter comigo, que não me dás a mínima certeza de que também toquei o teu rosto. Porque não me vens dizer que me amaste durante aquelas horas. Aquelas horas que há semanas atrás outras mãos souberam repetir, mas talvez sem o quererem, sem o saberem.

Sabes, também tive de deixar aquelas mãos, como tu me deixaste a mim. Do outro lado da linha. Do outro lado do sonho. Do outro lado do olhar. Do outro lado de mim. De mim. Ambos tiveram medo, tu e aquelas outras mãos… e eu fiquei sem saber se deveria riscar do mapa das minhas lágrimas a certeza das vossas vozes no meu corpo…

Desta vez, confesso. Também eu tive medo. De mim. Daquelas mãos. Talvez mesmo da pessoa que operava aquelas mãos. Mas depois insisti, dizendo que podia ficar, que queria ficar, nem que fosse mais aquela noite. A noite em que poderíamos decidir porque não fizemos amor numa cama tão cheia de nós; porque me pediste para ficar contigo aquela noite; porque não me importei em me apaixonar de novo. Podíamos ter decidido tudo isso, mas tu já sabias. Sabias que eu tinha de ir embora. Apanhar o avião para a outra margem. A margem aonde não posso proferir o teu nome: B.J.K.B. (prenunciei bem o teu nome, com o sotaque daquele teu país mais a Norte?). A margem onde tu não existes. Eu, eu… eu só queria que existisses ontem, naquele dia de fim-de-ano, Agora, e daqui a umas horas, quando tiver de fingir que tudo está bem e que não passei mais uma noite sem dormir a trabalhar naquilo que me pode levar de volta a essa margem, à tua margem. À margem onde o meu nome existe gravado em paredes de algodão...

Cheiras tão bem, disseste-me, com aquele sotaque que adoro, o que disseste que imitava bem. Quem me dera poder imitar-te a ti agora: pôr as tuas mãos sobre o meu corpo e apertar com a força daquelas horas; colocar os teus olhos fixos e azuis diante dos meus castanhos, doirados pela proximidade dos teus lábios; puxar-te para mim como quem puxa os primeiros sinais de luz para debaixo das ondas do meu cabelo onde te demoraste a brincar; e adormecer a ouvir-te dizer – “Stay with me tonight, Alexander!” And I did.

sábado, janeiro 15, 2005

na 3ª pessoa

Devagar, enquanto escavo a noite, feita já de fios de madrugada e dos lençóis que cobrem os sorrisos que fomos inventando à medida que a nossa língua apagava o sal das palavras, entendo as minhas mãos na procura do teu rosto. Deixa-me tocar, deixa sentir quantas linhas compõem o teu rosto, a tua voz, o quadrado dos teus gestos.

Mais devagar,

ainda mais devagar,

fixo, vou tomar o pulso dos ventos do teu silêncio bem vestido. Essa expressão facial e a hesitação confirmada hão-de trazer cá para fora o aspecto inacabado do meu sorriso e do teu. Sim, também. Como hei-de depois dizer que te amo. Na primeira ou na terceira pessoa? Será que te vão contar do nosso amor, na minha pessoa?