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quinta-feira, abril 29, 2004

A propósito do texto de Mário Simões, n’ A Voz de Felgueiras.

Não vivi o 25 de Abril, mas sinto-o. Aqui bem perto, do meu lado. A fazer-me cócegas no ouvido e a estalar nas minhas mãos. A render-me a sua esperança à medida que acordo para um dia completamente diferente e que nunca será mais o mesmo… Resta continuar com a simplicidade do gesto e do movimento, para a conquista final que há-de ser de todos e de ninguém. Agarrada à ignorância de sempre e às emoções descobertas pela primeira vez. Anseio por esse dia com todo o meu coração, de cravo ao peito…

Obrigado pelo texto que me fez lembrar Abril e todas as suas conquistas, a mim, que só tenho vinte e três anos.


A.R.

terça-feira, abril 27, 2004

Shhh...

O silêncio conforta
O silêncio acarinha
O silêncio preenche
O silêncio desperta
O silêncio vive
O silêncio amadurece
O silêncio faz crescer
O silêncio endurece
O silêncio cria
O silêncio recria
O silêncio mata
O silêncio imita
O silêncio luta
O silêncio perde
O silêncio revela
O silêncio rejuvenesce
O silêncio caracteriza
O silêncio constrói
O silêncio parece não destruir...
O silêncio é as lágrimas de um olhar
O silêncio é o calor da minha pele
O silêncio não pede, exige
O silêncio reclama
O silêncio é o abraço
O silêncio é a tua mão a querer tocar a minha
Eu sou o silêncio, enquanto não chegas a casa

Shhh, que já adormeci a teu lado...


A.R.

domingo, abril 25, 2004

Porque não me falas. Porque não me existes. Porque não me dizes baixinho que estás aí, muito perto. Tão perto que me magoas, porque me impedes a respiração. Porque não existes só para mim, numa rendição incondicional dos teus sentidos e desejos. Porque não me acompanhas nesta aventura que inicialmente nunca te desenhou, mas que agora não se constrói sem ti. Porque ainda não disseste que me amas. Será que te contagiei com este meu medo, com esta minha inconsistência, que te perde e te salva, tudo na mesma contingência de tempo – o segundo. O meu, o teu. O nosso. O segundo que passamos juntos e que não soubemos prolongar, que não nos deixaram alongar. O segundo que nos há-de salvar. Ao meu sentimento que luta e se constrói. Contra caravelas e promontórios. Contra o sal dos dias e da minha existência. Contra os meus pais…
Porque não me dizes, fica!, entre abraços e beijos que me haveriam de prender, absoluta e continuamente. Por que não me dizes, és meu e de mais ninguém e quero perde-me como nunca me perdi. Em ti, para ti, contra ti, debaixo do teu olhar. Por que não mo dizes, agora? Já.

Será que sabes que ainda te procuro entre o texto escrito e a palavra por proferir?



A.R.
Estou aqui, não me vês? Debaixo do teu olhar… Basta esticares a mão para sentires o desenho do meu desejo. A linha do teu rosto a confundir-se no meu beijo. Os meus braços a aniquilarem cada gesto parcial do teu corpo.

E se tu isto aconteceu num segundo, como me pude deixar prender ao teu tempo?



A.R.

quinta-feira, abril 22, 2004

Sangue

Adormece no meu sangue, meu amor
Para que cada pulsar de veia
Seja uma batida de amor!
Vem acordar o meu vazio,
O meu falar e o meu querer!
Olha os desejos
E se estes te pedem asas
É porque me ensinaste a viver!
E mesmo às escuras, sem ver,
Cego de mundo, vejo-te a brilhar
Como se quisesses devolver a cor à minha vida!
Compra-me o silêncio se puderes,
Para que eu ao te olhar nunca regateie o teu ser...
Por isso peço-te, não te esqueças de me procurar
Sempre que sentires o pulsar...
Agora não te distraias e adormece
Que estou à tua espera
Vem, não demores a chegar
Que o sangue ainda corre
E preciso que me ensines a regressar...


"E ele disse que sim..."



A.R.