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domingo, abril 25, 2004

Porque não me falas. Porque não me existes. Porque não me dizes baixinho que estás aí, muito perto. Tão perto que me magoas, porque me impedes a respiração. Porque não existes só para mim, numa rendição incondicional dos teus sentidos e desejos. Porque não me acompanhas nesta aventura que inicialmente nunca te desenhou, mas que agora não se constrói sem ti. Porque ainda não disseste que me amas. Será que te contagiei com este meu medo, com esta minha inconsistência, que te perde e te salva, tudo na mesma contingência de tempo – o segundo. O meu, o teu. O nosso. O segundo que passamos juntos e que não soubemos prolongar, que não nos deixaram alongar. O segundo que nos há-de salvar. Ao meu sentimento que luta e se constrói. Contra caravelas e promontórios. Contra o sal dos dias e da minha existência. Contra os meus pais…
Porque não me dizes, fica!, entre abraços e beijos que me haveriam de prender, absoluta e continuamente. Por que não me dizes, és meu e de mais ninguém e quero perde-me como nunca me perdi. Em ti, para ti, contra ti, debaixo do teu olhar. Por que não mo dizes, agora? Já.

Será que sabes que ainda te procuro entre o texto escrito e a palavra por proferir?



A.R.

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