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quinta-feira, fevereiro 10, 2005

"Stay with me tonight, Alexander!"

Já li o livro… Talvez o mesmo que leste. O livro de que me falaste e que eu critiquei. Se eu ao menos tivesse entendido a tua maneira de ser. Criança perdida que ainda não quer crescer. Que não sabe crescer. E eu que só queria que crescêssemos juntos.

Sei que aprendeste comigo. Aprendeste, dizes tu, a não crescer, a não estender as mãos abertas e plenas de sonhos capazes de se tornarem manhã. Aprendeste, dizes tu, a evitar palavras como as que disseste, como as que eu ouvi, como as que partilhamos. Também quererás que aprendas a evitar as que te disse? Queres? Será que é por isso que foges, que não vens ter comigo, que não me dás a mínima certeza de que também toquei o teu rosto. Porque não me vens dizer que me amaste durante aquelas horas. Aquelas horas que há semanas atrás outras mãos souberam repetir, mas talvez sem o quererem, sem o saberem.

Sabes, também tive de deixar aquelas mãos, como tu me deixaste a mim. Do outro lado da linha. Do outro lado do sonho. Do outro lado do olhar. Do outro lado de mim. De mim. Ambos tiveram medo, tu e aquelas outras mãos… e eu fiquei sem saber se deveria riscar do mapa das minhas lágrimas a certeza das vossas vozes no meu corpo…

Desta vez, confesso. Também eu tive medo. De mim. Daquelas mãos. Talvez mesmo da pessoa que operava aquelas mãos. Mas depois insisti, dizendo que podia ficar, que queria ficar, nem que fosse mais aquela noite. A noite em que poderíamos decidir porque não fizemos amor numa cama tão cheia de nós; porque me pediste para ficar contigo aquela noite; porque não me importei em me apaixonar de novo. Podíamos ter decidido tudo isso, mas tu já sabias. Sabias que eu tinha de ir embora. Apanhar o avião para a outra margem. A margem aonde não posso proferir o teu nome: B.J.K.B. (prenunciei bem o teu nome, com o sotaque daquele teu país mais a Norte?). A margem onde tu não existes. Eu, eu… eu só queria que existisses ontem, naquele dia de fim-de-ano, Agora, e daqui a umas horas, quando tiver de fingir que tudo está bem e que não passei mais uma noite sem dormir a trabalhar naquilo que me pode levar de volta a essa margem, à tua margem. À margem onde o meu nome existe gravado em paredes de algodão...

Cheiras tão bem, disseste-me, com aquele sotaque que adoro, o que disseste que imitava bem. Quem me dera poder imitar-te a ti agora: pôr as tuas mãos sobre o meu corpo e apertar com a força daquelas horas; colocar os teus olhos fixos e azuis diante dos meus castanhos, doirados pela proximidade dos teus lábios; puxar-te para mim como quem puxa os primeiros sinais de luz para debaixo das ondas do meu cabelo onde te demoraste a brincar; e adormecer a ouvir-te dizer – “Stay with me tonight, Alexander!” And I did.

2 comentários:

Luís Miguel disse...

o Perdido era aqui. Mesmo.

PM disse...

E fica aqui bem. Mesmo.