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segunda-feira, março 29, 2004

Perfeição sensorial

E ali fiquei perante o texto. Presente e virtual. Fixo. Completo. Perante um texto que se construiu e se assinalou ante meus olhos, em sangue. Quedo e mudo, sem que a respiração sobreviesse. Latente tentação de interpretar, de te interpretar. De te ler o pensamento fixo na retina e no gesto (ainda) contido e que ameaça contingência e efemeridade. Rio que secou, mas que ainda corre para o mar.

Eu vou nesta perfeição sensorial, em busca dos barcos que ainda se apetrecham nos cais. Vou em demanda do rebentar das ondas que ainda não se fizeram mar. Perseguirei os sonhos que ainda não se projectaram no limite imóvel e ignorado do pensamento pueril e insuficiente. Vou agarrado ao olhar. Ao fogo de visões que rebentam no cumprimento de mim. Entre mim e a representação possível. Vou cego e irreal no olhar, com o olhar, debaixo do olhar. Vou procurar-te, pois sei aonde estás.


(E tu, saberás reconhecer-me?)


A.R.

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